top of page
  • Thiago Sena

O que te motiva?


Estes anos em que me dediquei exclusivamente aos concursos públicos, acompanhando e orientando os mais diversos tipos de estudantes, fizeram com que eu confirmasse a teoria de que o ser humano aprende muito mais pela dor do que pelo amor. É óbvio que existem (assim como para 99% das situações na vida) exceções, mas posso garantir-lhes, quando o assunto é “estudo”, milagres podem acontecer dependendo do seu nível de desespero.

Apresento a vocês João (nome fictício), um senhor na casa dos 50, trabalhou durante mais de 20 anos em uma empresa nacional de grande porte, e com seu salário conseguia sustentar confortavelmente toda família. Em uma bela manhã de outono, João foi demitido, sem ter feito absolutamente nada de errado, era a crise que havia começado. Após meses enviando centenas de currículos, inclusive para cargos com a remuneração bem inferior a recebida em seu emprego anterior, contavam-se nos dedos as entrevistas para qual foi chamado, a idade de João começava a pesar.

Existiam apenas duas alternativas: ganhar na loteria ou voltar a estudar para tentar um cargo público. Nosso herói escolheu a segunda opção, se matriculou em um curso preparatório, onde tive o prazer de conhece-lo, e começou sua jornada. A dedicação dele me impressionava, nunca faltava, fazia perguntas e adendos extremamente pertinentes, ajudava com toda atenção e cuidado seus colegas, e ainda ficava após a aula para revisar o conteúdo. Quando elogiei sua postura ele me respondeu: “É minha única chance”. O resto da história vocês já devem imaginar, após alguns meses, João foi aprovado e nomeado.

Agora quero lhes apresentar Maria Clara (nome também fictício), 38 anos, havia passado em um concurso municipal há 10, e após isso não estudou mais. Maria não achava justa a remuneração que recebia, tinha certeza de que poderia ganhar mais, afinal, tinha uma pós-graduação e muita experiência. Resolveu prestar um concurso federal, levando em conta apenas os vencimentos do cargo, em uma área totalmente diferente de sua formação, e logo nas primeiras aulas tomou um “choque de realidade”. Como tantos assuntos poderiam ser cobrados em uma única prova? Maria não passou, após quase um ano do certame a encontrei por acaso no supermercado, me disse que desistiu dessa vida de concursos pois era tudo muito difícil, e iria se dedicar ao trabalho, pois com a nova gestão do município poderia quem sabe até arrumar um aumento.

Qual a diferença entre estas duas pessoas? Posso enumerar muitos itens que as separam, mas gostaria de destacar apenas um, “o desespero”. Maria, embora não ganhasse bem, podia contar com seu salário em conta todo santo mês, estava em uma zona de conforto (não assim tão confortável, mas estava), João, porém, já não tinha essa opção. O desespero pode nos tornar mais fortes do que imaginamos, e a falta dele pode nos tornar extremamente fracos e medrosos. Se João tivesse arrumado um emprego em uma das poucas entrevistas que fez, seu desempenho teria sido o mesmo? Deixo esta pergunta para que vocês reflitam, e me despeço com a seguinte frase que encontrei na Internet:

“Jamais tire tudo de um homem. Ele o perseguirá, pois não tem mais nada a perder. ”

 

Coordenador Pedagógico dos cursos IBV. Ministra as disciplinas de Informática e Raciocínio Lógico, é graduado em Ciência da Computação, pós graduado em Tecnologia da Informação para Estratégia em Negócios, profissional com certificações ITIL, COBIT e Microsoft

189 visualizações1 comentário
bottom of page